Uma Notícia Breve do Curso de Engenharia de Produção da Escola de Minas
Por Romério Rômulo
A proposta: Algumas considerações
Em 1994 o prof. Jonas Cremasco apresentou uma proposta de ampliação da oferta de cursos de graduação da UFOP onde, entre outras coisas, ele mostrava ser possível e necessário criar os cursos de engenharia de produção, materiais, ambiental e eletrônica. Os Conselhos Superiores acolheram bem o trabalho e coube ao prof. Jonas coordenar a elaboração do projeto de engenharia de Produção.
“A idéia era formar um engenheiro de concepção de sistemas, de métodos, de todos os fatores de produção”, diz ele. E acrescenta:
“... o curso da UFOP era uma novidade. Seguramente este foi o motivo de tantos problemas com os novos professores do DEPRO, à época da implantação, e com os alunos da primeira turma do curso. Tivemos o primeiro curso de engenharia de produção pleno no Brasil e muitas das inovações do nosso curso e muitas das inovações do nosso curso foram colocadas nas diretrizes curriculares nacionais de engenharia. Além disso, depois dele, todas as faculdades de engenharia começaram a oferecer o curso pleno. ”
Vista aérea da Universidade Federal de Ouro Preto
A implantação e os conflitos iniciais
A primeira turma de alunos de produção foi recebida no primeiro semestre de 1998, durante o governo FHC.
Embora possamos discordar de vários aspectos das mesmas, entendemos que este governo teve uma política explícita para a educação superior brasileira, vinculada sobretudo a um projeto de Reforma Neoliberal do Estado Brasileiro (“estado mínimo”, agências reguladoras, etc.) e a um novo conceito de que a globalização econômica era definitiva e de resultados sempre positivos, levando a uma privatização sem limites.
Sobre os conflitos e dificuldades inicias os professores Irce e Jorge falam juntos:
“O ambiente de implantação do curso foi marcado pela condição de escassez de recursos dentro das universidades. Por isso reunimos as habilidades de um pequeno grupo de professores dentro do DEPRO com a contribuição de professores dos Departamentos de Matemática, Física, Química, Computação, Engenharia Metalúrgica, Engenharia de Controle e Automação e Filosofia. ”
“A fase inicial foi conflitante para alunos, professores e direção da UFOP, uma vez que a Engenharia de Produção era pouco conhecida na região de Minas Gerais. Havia também baixa credibilidade, por parte de muitos, no tocante à qualidade do curso e quanto ao seu futuro profissional, já que poucas empresas ofereciam estágios, fator que gerava insegurança nos nossos primeiros alunos. ”
As atuais circunstancias do curso: Avaliação
Superadas as dificuldades iniciais e promovidos os desenvolvimentos adequados passou-se a uma nova situação: todos os professores consultados entendem que temos hoje um dos melhores cursos de engenharia de produção do Brasil.
Concordamos em destacar algumas características do curso que nos levam a reforçar a conclusão acima:
- Formação básica mais ampla, solida e profunda em ciência físicas e matemáticas.
- Formação básica mais ampla, solida e profunda em ciências sociais (microeconomia, macroeconomia, teoria geral das organizações da administração, economia industrial).
- Nele, as ciências sociais não são a cereja do bolo, constituem um dos conjuntos de disciplinas da formação básica.
- Formação diferenciada, mais ampla e aprofundada no fator de produção de trabalho: engenharia do trabalho, ergonomia e trabalho, organização do trabalho e recursos humanos, considerando aspectos históricos, sociais e institucionais.
- Formação mais ampla e aprofundada em matemática aplicada: métodos matemáticos da engenharia, probabilidade e estatística aplicada, mecânica racional e do contínuo, pesquisa operacional.
- Formação tecnológica em áreas vitais para a economia e o desenvolvimento: engenharia de processos contínuos (da indústria química e da indústria metalúrgica), engenharia da manufatura (indústria da transformação e de processos de materiais eletrônicos) e engenharia da energia (tecnologia, fontes, cadeias renováveis e não renováveis, impactos sobre a sociedade e meio ambiente).
- As matérias desse conjunto fundamental para a formação em engenharia é articulada ao conjunto de matérias das seguintes disciplinas: Automação de sistemas industriais; Ciência, Tecnologia e Sociedade; Energia, Sociedade e Meio Ambiente; Engenharia de Processos, Riscos e Perdas.
- Matriz curricular com balanceamento entre atividades letivas (3.000 horas) e não-letivas (600 horas de atividades acadêmicas de ciência, engenharia e cultura mais 180 horas de estágio supervisionado) e entre atividades obrigatórias (2.700 horas letivas e mais 180 não letivas) e eletivas (300 horas letivas e 600 horas não letivas).
- Quatro áreas de aprofundamento de estudos (300 horas/5 disciplinas): Gerência da Produção, Engenharia Econômica, Pesquisa Operacional e Planejamento Energético, com oferta regular de ampla lista de disciplinas eletivas.
- Amplo programa de mobilidade acadêmica com importantes universidades do exterior (Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá), sendo que todo ano mais de 6% dos alunos (pelo menos 20 alunos) são enviados para estudar fora do Brasil. Outras relações internacionais envolvendo os alunos em estágios de dupla diplomação já acontecem como rotina.
- Existência de empresa júnior e de centro acadêmico em efetivo funcionamento com a realização de eventos científicos e tecnológicos regulares: A semana de Estudos de Engenharia de Produção e o Fórum da Engenharia de Produção.
- Apoio efetivo da Fundação Gorceix para atualização contínua dos laboratórios e biblioteca, bolsas de estudo locais e bolsas de estudos de mobilidade.
- Disponibilidade integral dos professores do DEPRO no atendimento aos alunos, bem como a oferta de oportunidades para desenvolver pesquisa e extensão.
- Facilidades de estágio supervisionado e de colocação no mercado de trabalho.
- A formação em Engenharia de Produção na Escola de Minas, hoje, possibilita o desenvolvimento de uma carreira em engenharia e gestão em uma multiplicidade de atividades, no setor privado e no setor público.
Texto retirado do Livro: “A HISTÓRIA DA ESCOLA DE MINAS”.